No começo da década de 90, três irmãos – Flávio Régis (surdo, cuíca e vocal), Fernando Macaé (tantã) e Fábio B’ça – lê-se: “Bêça” – (voz e pandeiro) – animavam as festinhas do subúrbio de Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, carregando seus pandeiros e tantãs para todos os lados.
A paixão pelo samba era antiga, e no começo tudo era só divertimento. Com a chegada de Mug, que trazia um cavaco e sua voz para botar uma pilha no recém-formado grupo, a coisa cresceu, tomou corpo, e o que era apenas uma brincadeira foi ficando cada vez mais sério.
O grupo começou a se apresentar em festas e eventos variados, abrindo shows para os outros artistas ou participando de rodas de samba, construindo aos poucos o seu público fiel e apaixonado. Como conta Fábio Beça, “era só por diversão mesmo, porque todos nós temos o pé no chão, sabemos como é difícil viver de música no Brasil”. A onda, que ia crescendo aos poucos, abaixou em 1999, quando houve um grande refluxo no mercado do samba e do pagode.
Em 2002, com uma nova formação que incluiu Deco (voz e banjo) e André neguinho (percussão e voz), o Bom Gosto retomou a estrada, mas desta vez com uma nova proposta: eles mesmos bancarem os eventos onde iriam tocar. “Começamos pelos subúrbios do Rio e pela Barra da Tijuca”, relembra Fábio.
Apadrinhados pelo grupo Fundo de Quintal, os integrantes do Bom Gosto perceberam que tanto tempo de estrada começava a dar frutos, e seus eventos cresceram tanto que hoje são realizados todos os domingos na quadra do Jacarepaguá Tênis Clube, um lugar com espaço e estrutura para a grande galera que adora acompanhar os shows. Foi quando surgiu a proposta do empresário Sergio Monza (do Sorriso Maroto) para profissionalizar ainda mais o trabalho, com a gravação de um CD ao vivo. O lugar escolhido foi o bar Metido a Besta, na Barra da Tijuca, que oferecia as condições ideais de acústica e acomodação para os 400 fãs que participaram da gravação.
Estilo? “O nosso samba é carioca, de raiz, partido alto, pagodeiro e malandreado”, define Fábio, mas admite a influência de outros gêneros, como o funk. “A gente faz um samba-funk só na percussão”, diverte-se. No repertório do disco, sucessos próprios como “Tanta Coisa Pra Falar” – a primeira a tocar nas rádios – além de composições de mestres como Paulo César Feital e Altay Veloso, Almir Guineto e Sombrinha e até mesmo Ana Carolina e Totonho Villeroy.
Se você não pode ir à Praça Seca, em Jacarepaguá, no próximo domingo, para curtir o evento do Bom Gosto, tire bastante proveito deste disco ao vivo. Ele traz todo o ritmo, a alegria e a percussão de um grupo que sabe como é bom acreditar nos próprios sonhos e torná-los realidade.